Votar é sempre um ato democrático?

Eliane Yambanis Obersteiner

Especial para o Fovest

No dia 4 de outubro, milhões de brasileiros vão às urnas votar para

presidente, governador, senador, deputados federal e estadual. O direito ao

voto caracteriza as sociedades democráticas. Mas as condições em que

esse voto ocorre podem determinar a qualidade da democracia que essa

sociedade vive.

Na Primeira República Brasileira (1889-1930), o sufrágio (direito ao voto) se

restringia à população masculina, maior de 21 anos. Os mecanismos de

poder vigentes na época traduzem o quanto o poder econômico era

determinante no processo eleitoral.

No coronelismo, fenômeno político e social da zona rural, o latifundiário

formava o seu curral eleitoral, arrebanhando agregados e dependentes

econômicos. E executava o voto de cabresto, isto é, direcionado de acordo

com os interesses dos coronéis.

Como o voto não era secreto, a população sertaneja se submetia ao poder do

coronel, único vínculo que garantia a sobrevida, principalmente no sertão

nordestino, onde a crise econômica ampliava esse tipo de dependência.

De lá para cá, muitas coisas mudaram, embora vivamos ainda disparidades,

como a coexistência do moderno voto eletrônico e o fato de muitos eleitores

trocarem seus votos por promessas de soluções para problemas gerados

pela desigualdade econômica.

No entanto, o direito de votar vem se firmando como a forma

institucionalizada de manifestação da vontade popular, que se aperfeiçoa

quanto mais livre e consciente for a decisão de cada um.

Veja se aprendeu

1. O período denominado República Velha caracteriza-se:

a) pelo sufrágio universal, determinado pela renda;

b) pelo sufrágio masculino e secreto;

c) pelo sufrágio universal, incluindo o voto feminino;

d) pelo sufrágio masculino para maiores de 18 anos;

e) pelo sufrágio masculino e não-secreto.

2. O fenômeno social e político denominado coronelismo tem suas raízes

econômicas:

a) na distribuição fundiária, que concentrou a terra nas mãos de poucos

desde o início da colonização;

b) na produção industrial inaugurada no século 19, no Sudeste;

c) na crise econômica açucareira que se iniciou no século 18, com o

desenvolvimento da mineração;

d) na acumulação de capital da produção cafeeira, que impulsionou a

produção industrial.

Gabarito: 1 e, 2 a

Fonte: Eliane Yambanis Obersteiner

 

* Eliane Yambanis Obersteiner é professora de história do Colégio Equipe.