Hércules Alcmena pensa no marido, Anfitrião, que agora
guerreia com Ptérela e os táfios, para vingar a morte
do cunhado. Por longo tempo ela desejou muito essa vingança.
Mas nesse momento, cheia de saudade, arrepende-se -
entende que a única coisa importante é a presença do
esposo.
Uma sombra cresde do lado de fora : é Anfitrião que
volta do combate. Traz um sorriso nos lábios e carinho
nos olhos. Ao vê-lo entrar, a mulher desconfia, sem
entender a razão : o visitante tem a voz e o corpo do
esposo, mas não lhe parece que seja realmente ele.
Para provar que é realmente Anfitrião, ele oferece à
esposa uma taça de Ptérela, o inimigo vencido, e conta
várias histórias da guerra. A mulher entrega-se a ele.
Só tarde demais ela entenderia a suspeita. O visitante
daquela noite não era Anfitrião; era Júpiter que,
apaixonado pela mortal, tomara as feições do esposo
ausente.
Do breve encontro nasce o mais forte dos mortais : Hércules.
Os 12 trabalhos de Hércules Irada com mais uma traição de seu marido Júpiter,
Juno fez com que Hércules perdesse a cabeça
e, em um ataque de loucura, matasse seus filhos e sua
esposa Mégara. Felizmente Hércules
recobrou a sanidade antes de matar a esposa, mas
aterrorizou-se ao ver seus filhos, queimados no chão.
O oráculo de Apolo informou a Hércules
que somente submetendo-se ao medroso Euristeu,
soberano de Micenas, durante doze anos, e cumprindo doze
trabalhos, seu crime seria redimido. E assim ele fez.
1. O Leão da Neméia
Como primeira missão, Hércules é enviado para
matar um terrível leão de pele invulnerável que vem
matando pessoas e animais na Neméia. Hércules
procura dias e dias pelo leão, sem ajuda de ninguém,
que teme sequer citar o nome do animal. Enfim, encontra o
leão perto de uma caverna - sua toca.
Fechando uma das saidas da caverna, Hércules
encurrala o animal e então, em uma luta corpo a corpo,
acaba por estrangulá-lo. Usando as próprias garras do
animal, Hércules tira a pele e a cabeça do
animal, que mais tarde tornariam-se suas armas, por serem
impenetráveis, e leva o corpo para a porta da cidade de
Micenas, para provar seu trabalho cumprido.
Júpiter transforma então o leão em uma constelação,
para que todos se lembrem da vitória gloriosa do filho.
2. A hidra de Lerna
Nascida da ninfa Equidna (metade humana, metade
serpente) e de Tifão, a Hidra de Lerna
possui cem cabeças, de onde solta perigoso veneno, e uma
cabeça central, imortal. Se uma das cabeças for cortada,
esta regenera. Foi enviada pela própria Juno para
servir de prova à Hércules.
Com a ajuda de seu sobrinho Iolau, Hércules
avança contra a hidra e, depois de grande batalha, Hércules
corta a cabeça central e a enterra numa vala profunda e
coloca um enorme rochedo sobre ela - assim ela não poderá
se regenerar. Então corta as cem cabeças restantes e
pede para seu sobrinho queimar a floresta vizinha, onde
queima a ferida das cabeças cortadas para impedí-las de
se regenerar. Antes de partir, embebece suas flechas no
veneno da hidra, tornando-as mortais para sempre.
3. O Javali de Erimanto
Um terrível Javali gigante e forte aterroriza a região
do Erimanto, fronteira entre a Acaia, a Arcádia e a Élida.
É contra este gigantesco Javali que Hércules
deve lutar. No caminho, tentando imaginar como vencer sem
ferir-se, Hércules surpreende-se com sua idéia.
Hércules chama o gigantesco Javali na porta de
sua toca, ele sai - Hércules recua e continua
chamando-o. O Javali persegue Hércules, mas não
repara na armadilha : é inverno, a neve está espessa, e
as patas do Javali afundam na nave, fazendo-o exaurir sua
energia. Depois de algum tempo, o animal cai exausto.
Tudo que Hércules tem que fazer é pegar o animal
e levar para Euristeu como prova de sua terceira
tarefa cumprida.
Ao chegar com o javali, Euristeu apavora-se com o
animal e corre para esconder-se dentro de um vaso que ele
mandara fazer para esconder-se. Hércules ri muito
do pânico do usurpador.
4. A cerva Cerinita
Um dia a jovem Taígete caminhava na floresta com
sua cerva Cerinita quando foi atacada por Júpiter,
atráz de mais amor. No entanto, Diana que ali
passava, impede o deus de violentar a jovem. Agradescida,
a jovem dá a cerva Cerinita para Diana.
Nenhum caçador, nenhum deus, ninguém jamais perseguiria
a cerva protegida por Diana.
Esta é a missão de Hércules : capturar a cerva
- tudo parte do plano de Juno de criar mais
remorsos em Hércules, obrigando-o a capturar uma
cerva indefesa. E assim faz Hércules, persegue a
cerva e, quando esta tenta atravessar o rio Ladão,
exausta, Hércules lança-lhe uma flecha.
No caminho de volta, encontra Diana e Apolo.
Hércules tem como única explicação dizer que
fora obrigado por Euristeu, era tarefa de expiação.
Os deuses, comovidos, perdoam-no e permitem-lhe passar
com a cerva.
5. Os pássaros do lago Estinfalo
Fugindo dos lobos de sua região, os pássaros aninham-se
no lago Estinfalo, onde reproduzem-se sem inimigos e
formam uma legião que devora as plantações, acaba com
florestas - é a nova missão de Hércules eliminá-los.
Chegando no lago, cheio de restos de animais mortos, Hércules
procura pelos pássaros e não os encontra. Cansado,
deita-se e dorme. Acorda em meio ao perigo : os pássaros
estão nas árvores próximas, preparando-se para atacar
os camponeses. Hércules então pega o presente
que Minerva - a Deusa da sabedoria - havia lhe
dado : Castanholas de bronze confeccionadas por Vulcano.
Batendo fortemente as castanholhas, Hércules
afugenta os pássaros que, no ar, tornam-se alvos fáceis.
Então, um a um, Hércules abate-os com suas
flechas envenenadas - missão cumprida.
6. Os estábulos do rei
Augias, filho do Sol e do rei Elis,
herdara um imenso rebanho. No entanto, preguiçoso, nunca
limpara os estábulos, que acumulam esterco. Como prova
de humilhação, Euristeu ordena à Hércules
que limpe os estábulos e com o esterco adube o solo da
região. Hércules não se contém de ódio, mas
vai para seu sexto trabalho.
Chegando lá, combina com Augias o pagamento : a décima
parte dos rebanhos. Augias aceita, duvidando que Hércules
cumpra a tarefa. Hércules então abre uma fresta
no estábulo, desvia o curso dos rios Alfeu e Peneu
de forma a passar pela fresta e, na saida, correr por
toda a região, espalhando o esterco.
Augias, indignado com a facilidade com que Hércules
cumpriu a missão, nega-se a pagar. Seu filho, Fileu,
alia-se à Hércules cendurando o pai. Augias
expulsa ambos de seu reino. Mais tarde, quando os 12
trabalhos estavam completos, Hércules voltaria
com grande armada, destronaria Augias e colocaria Fileu
em seu lugar. Em um momento de felicidade, ele então
inauguraria os jogos Olímpicos para comemorar suas vitórias.
7. O Touro de Creta
Três gerações antes da guerra de Tróia, o arrogante Minos,
filho de Júpiter, governa creta e, para mostrar
que tem proteção divina, afirma que qualquer pedido aos
deuses lhe seria atendido. Para provar, pede à Netuno
que um Touro saia das águas, prometendo ao deus que o
sacrificaria em seu nome. Netuno ouve o apelo e
cria um belo Touro que emerge das águas. No entanto,
encantado com a beleza do Touro, Minos nega-se a
matá-lo. Netuno irrita-se e, para vingar-se,
enlouquece o touro e o faz lançar fogo pelas narinas -
espalhando o terror em Creta.
Como sétimo trabalho, Hércules deve matar o
monstro. Com sua força, Hércules aprisiona o
touro e leva-o a Micenas.
8. Os cavalos de Diomedes
Bistônia, reino de Diomedes - o que odeia
forasteiros. Ele possui quatro cavalos : Podarge,
Lampo, Xanto e Dino, monstruosos animais que
lançam fogo pelas narinas e alimentam-se unicamente de
carne humana. Da carne de qualquer forasteiro que surja
em Bistônia. O oitavo trabalho de Hércules é
trazer estes cavalos até Micenas.
Já na entrada de Bistônia Hércules encontra
corpos dilacerados e uma criança que afirma que os
cavalos haviam devorado seus pais e irmãos. Em profundo
ódio, no fundo do coração pela primeira vez Hércules
sente que poderia agradescer à Euristeu, que lhe
ordenara liberar daqueles monstros centenas de indefesos
estrangeiros.
Ao chegar no palácio de Diomedes, o encontra
saindo para passear com seus cavalos. Ao ver Hércules,
os cavalos avançam, Diomedes ri sem parar,
divertindo-se com o fogo e a ferocidade dos animais. Em
acesso de ódio, Hércules atira-se contra Diomedes,
estrangula-o e joga-o, já morto, aos cavalos, que o
devoram. Hércules é quem ri agora.
Amansados em sua fome, os animais são conduzidos à
Micenas, onde pela primeira vez o rei homenageia ao
corajoso Hércules, e consagra os cavalos à Juno.
9. O Cinto do poder para Admeto
Nada que sua filha peça Euristeu não consente, e
desta vez Admeto quer o cinto do poder,
pertencente à Hipólita, rainha das Amazonas.
Cabe à Hércules a tarefa de ir buscá-lo.
Ao chegar em Temiscira, porto das Amazonas, Hércules
e sua tropa são bem recebidos pelas Amazonas,
incluindo Hipólita, e o cinto um dia dado a ela
por Marte. O encontro é agradável e doce, até
que Juno percebe e resolve interferir. Tomando o
aspecto de uma Amazona, Juno afirma que Hércules
pretende raptar Hipólita. As Amazonas
atacam o herói que, sentindo-se traido, mata Hipólita
e arrebata-lhe o cinto. A vaidosa Admeto agora
passa seus dias admirando-se no espelho, com o cinto do
poder, imitando a infeliz rainha das Amazonas.
10. Os bois de Gerião
Em Eritéia, além do Oceano, vive Gerião, um
gigante de três cabeças. Gerião tem um rebanho
de bois, que confia aos cuidados do mortal Euritião
e do cão Ortro, de múltiplas cabeças e dorso de
serpente. Compete à Hércules capturar os bois e
levar à Micenas.
Com suas forças e, talvez, com a ajuda dos Deuses. Hércules
chega até a longíngua Eritéia. Tão logo chega, depara-se
com Ortro. O Cão ataca-o, mas Hércules,
num golpe certeiro, atira-o ao chão, já sem vida. Euritião
aproxima-se, ouvindo o barulho da luta, mas só encontra
também a morte. Hércules descança, apodera-se
dos bois e prepara-se para partir, mas Gerião
havia sido informado de sua presença pelo pastor Menete,
que a tudo vira. O Gigante, inflamado de cólera, acorre
em defesa dos animais, mas só encontra a morte nas
flechas de Hércules.
Na volta, um enchame de moscardos - gigantescos
insetos enviados por Juno - dispersa o rebanho.
Depois de árduos esforços o herói consegue reunir
alguns dos animais e retornar a Micenas.
11. Cérbero
A décima primeira missão de Hércules é levar
até a presença de Euristeu o medonho cão Cérbero,
guardião dos infernos. Cansado, Hércules é
levado por Mercúrio até o Inferno. Lá, todas as
almas fogem, apenas Medusa e Meléagro
permanecem a esperá-lo. Mercúrio acalma Hércules
informando que nada ele deve temer : são apenas sombras,
nada podem lhe fazer de mal.
Meléagro recebe o visitante calorosamente, e pede
para que Hércules espose sua irmã, Dejanira,
que ficara no mundo dos vivos sem alguém para apoiá-la.
Hércules então vai até a presença de Plutão,
rei das sombras, para quem explica para que veio. Plutão
concorda que ele leve Cérbero se conseguir domá-lo
sem utilizar nenhuma de suas armas, apenas a pele do leão.
Hércules concorda.
De mãos vazias, Hércules luta contra Cérbero,
agarra-lhe o pescoço, dominando-o. O Cão ainda tenta
defender-se picando-o com sua cauda de serpente, mas seus
esforços são inúteis.
Apavorado com a presa que Hércules lhe tráz, Euristeu
esconde-se novamente no vaso e, sem saber o que fazer com
Cérbero, acaba devolvendo-o à Plutão.
12. As maçãs de ouro das Hespérides
Quando uniu-se a Júpiter, Juno ganhou da Terra
três maçãs de ouro que, considerando extremamente
belas, plantou num jardim perto do monte Atlas, e
confiou-as a três ninfas, as Hespérides. Como
vigia, colocou um dragão de cem cabeças. A missão de Hércules
é obter os frutos de ouro.
Sem saber para onde ir, Hércules vaga pela Grécia.
Em sua viagem, vários fatos acontecem : Ele mata Cicno,
filho de Marte, para livrar os viajantes do
perigoso sanguinário; Interpela Nereu, o velho
mar, obrigando-o a indicar o caminho para o jardim das Hespérides;
No egito adormece e quando acorda está cercado por
centenas de Pigmeus, homens minúsculos, tentando
subjulgá-lo. Hércules pega a todos eles com
apenas uma mão e guarda-os no bolso para entregar para Euristeu
mais tarde; Ainda no Egito, o rei Busíris
aprisiona-o para um sacrifício anual que ele efetua com
um estranho, mas Hércules foge, matando Busíris.
Encontrando Prometeu no monte Cáucaso,
acorrentado, liberta-o. Este, como agradecimento,
aconselha-o a fazer o monstro Atlas ir buscar os
frutos. Hércules então vai até o monstro Atlas,
que carrega o mundo nas costas, e pede-o para ir buscar
os frutos. Hércules então carrega o mundo
enquanto Atlas busca os frutos. No entanto, Atlas
nega-se a entregar os frutos, afirmando que ele mesmo
levaria-os à Euristeu. Hércules então,
fingindo aceitar, pede para Atlas segurar por um
instante o mundo enquanto ele forra os ombros com
almofadas e, enquanto monstro segura o mundo, foge com os
pomos.
Euristeu não sabe o que fazer com os frutos e então
os entrega ao Herói, que está liberado, tendo
completado os doze trabalhos. Hércules oferece os
pomos à Minerva, que recusa-se à guarda-los para
si e devolve-os para as Hespérides.
Epílogo
Hércules viria mais tarde a casar-se com Dejanira,
como prometera para Meléagro em sua décima-primeira
missão. Depois de morrer, vítima de uma armadilha de Nesso,
Hércules é recebido no Olimpo, imortalizado e
perdoado por Juno, que trata-o com carinho
maternal.
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