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Lembre-se de 1968, o ano que não terminou

Maria Odette Brancatelli

Cinilia T. Gisondi Omaki

Especial para o Fovest

Sinônimo de rebeldia e contestação, 1968 destacou-se numa década de

transformações. ''É proibido proibir'' e ''paz e amor'' foram palavras de ordem

de uma geração, nascida em plena Guerra Fria, que viveu os ''anos rebeldes''.

Na França, os estudantes protestaram contra as reformas educacionais, mas

pediram também maior liberdade, criticando o conservadorismo. A repressão

do governo gerou em maio as famosas ''barricadas do desejo'',

particularizadas por unir estudantes e trabalhadores, que organizaram uma

greve geral.

Acordos trabalhistas, férias e violência esvaziaram o movimento. Em junho,

eleições gerais reafirmaram a força do presidente, o general De Gaulle, mas o

exemplo francês se espalhou. Na então Tchecoslováquia, desde o início do

ano, reformas pretendiam modernizar a economia e transformar o papel do

Estado. Com apoio de intelectuais, operários e estudantes, o presidente

Dubcek buscou uma via própria e mais humanizada de socialismo.

Esse reformismo encontrou na URSS de Brejnev o maior opositor. A fim de

manter sua hegemonia no Leste Europeu, tropas do Pacto de Varsóvia

invadiram o país. Terminava a ''Primavera de Praga'' sob repressão, mas os

tchecos responderam com indiferença. Um grafite simbolizava isso nos

muros da capital: ''Circo russo na cidade: não alimentem os animais''. Nos

EUA, os jovens aumentaram os protestos contra a participação na Guerra do

Vietnã. A comunidade negra, frustrada com o assassinato do líder pacifista

Martin Luther King, viu adiado seu grande ''sonho''. Os radicais ganharam

espaço -Panteras Negras, Malcom X- e a questão racial continuou em aberto.

A utopia de liberdade e felicidade em 68, no socialismo ou no capitalismo,

provam que o ''ano não terminou''.

 

* Maria Odette Simão Brancatelli e Cinilia T. Gisondi Omaki são professoras de história do

Colégio Bandeirantes.


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