Doença da saúde pública é histórica

Eliane Yambanis Obersteiner

Especial para o Fovest

Praticamente toda semana são oferecidas pela mídia notícias de descaso

com a saúde, problema gerado pelo sucateamento do sistema público.

Mais grave e doloroso do que ver as notícias que tanto nos incomodam é viver

esta realidade de quem não tem outra alternativa e depende desse serviço.

A questão que se coloca é: onde se encontra a raiz do problema?

É histórica e política. Se historicamente o problema sanitário foi alvo de um

tratamento elitizante desde o início da colonização, o advento da República

fez com que houvesse uma busca na melhoria das condições de vida em

função da urbanização e industrialização. O Brasil moderno pedia novas

medidas.

A cidade do Rio de Janeiro, principal porta do país no início do século, foi alvo

das novas políticas sanitárias.

No governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), o Rio de Janeiro

passou por uma repaginação, quando foram construídas novas avenidas, os

cortiços foram derrubados, e a população pobre, deslocada das áreas

situadas na orla marítima.

Com a intenção de erradicar a peste bubônica, equipes invadiam as casas,

removendo objetos quebrados e tudo que pudesse abrigar ratos. Parte desse

programa incluiu a vacinação em massa contra a varíola, comandada por

Oswaldo Cruz, diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública.

A vacinação era obrigatória e à força, nos casos de resistência. Esses

métodos geraram tensão social e levaram à Revolta da Vacina, movimento

popular contra o poder instituído, que se manifestou pelas ruas da cidade.

A prisão de líderes populares e o desgaste do governo frente à opinião pública

levaram à revogação de sua obrigatoriedade, tornando a vacina opcional.

Ao final do século 20, apesar dos progressos da medicina, fica claro que a

saúde ainda está distante de uma solução que priorize o bem-estar de toda a

população.

Veja se aprendeu

1. Na República Velha, os projetos modernizantes não consideravam os

interesses populares e, nesse sentido, a Revolta da Vacina é exemplar. Esse

movimento popular tinha várias justificativas, exceto:

a) o afastamento da população pobre da orla marítima;

b) o autoritarismo que tornava a vacinação obrigatória;

c) as condições de miséria em que vivia a população do Rio de Janeiro;

d) a ignorância da população pobre que não entendia a importância da vacina;

e) a ação conjunta de equipes de saneamento e policiais.

2. No início da República Brasileira, SP e RJ foram os principais alvos de

políticas sanitaristas. Esse fato justifica-se, exceto:

a) pelo processo de urbanização;

b) pelo início da industrialização;

c) pela existência de doenças epidêmicas;

d) pela precariedade higiênica das cidades;

c) pelo desenvolvimento cafeeiro no Vale do Paraíba.

Gabarito: 1-d, 2-e

Fonte: Eliane Yambanis Obersteiner

 

* Eliane Yambanis Obersteiner é professora de história do Colégio Equipe.