DICAS DE MATEMÁTICA
Estas dicas foram elaboradas pelo prof. Ricardo Balogh (1 a 5)
e pela profa. Roseli Alves (6 a 8), do cursinho da Poli. Podem
também ser ouvidas através da Rádio USP, nas cinco edições
diárias do programa "Clip Vestibular".
1. A primeira dica que eu gostaria de ressaltar é sobre a leitura da questão de
matemática. Muitos alunos começam a ler a questão e, sem terminar de ler
todo o enunciado, acham que já sabem o que o problema está pedindo e
saem fazendo as contas. Mas, na verdade, não sabem realmente qual a
pergunta do problema. Isso é muito ruim, pois em muitos problemas a
pergunta está justamente no finalzinho do enunciado. Eu vou dar um
exemplo: imaginem a seguinte questão - resolvendo a equação 3x = 12... Aí
o aluno pára e fala: 3x = 12 eu sei; então x é 12 dividido por 3; então x é 4. Aí
ele bate o olho na alternativa A : está escrito 4 na solução. Então, ele fala,
"ah, acertei", então ele vai lá e marca. Só que olha como era o enunciado:
resolvendo a equação 3x=12, então o valor de X ao quadrado é... Com esse
exemplo, você vê que uma questão muito fácil pode ser jogada fora por causa
de uma má leitura do enunciado. O que eu aconselho para você é o seguinte:
faça uma primeira leitura do enunciado para você se familiarizar com o
problema; é preciso que você compreenda o problema. Numa segunda leitura,
analise os dados e a pergunta do problema; você precisa encontrar a
conexão entre os dados e a incógnita. Encontrada essa conexão, aí sim você
deve partir para a resolução do problema.
2. Em toda prova, existem questões fáceis, médias e difíceis. Ao começar
resolver a prova, encare as questões como um jogo de pega-varetas. Resolva
primeiro as questões que você achar que são fáceis, só para depois você
fazer as médias e só depois de tudo isso encarar as difíceis. Se ao ler uma
questão e perceber que você sabe sobre o assunto pedido naquele problema,
mas naquele momento você não se lembra de um pequeno detalhe ou de
uma formulazinha para poder solucionar o problema, pule para a próxima. Só
volte para essa questão depois de ter lido as restantes e resolvido aquelas
que apresentam soluções bem simples. Nunca fique muito tempo em uma
única questão. Quando você perde muito tempo em uma questão, além de
ficar nervoso, você joga fora a possibilidade de estar resolvendo questões
mais fáceis, ou seja, está jogando fora a possibilidade de somar mais alguns
pontinhos.
3. Existem alguns assuntos de matemática que são muito cobrados em
praticamente todos os vestibulares, os quais muito provavelmente irão
aparecer em sua prova. Eu vou listar esses assuntos e, se você tiver alguma
dúvida sobre alguns deles, consulte seu professor ou pergunte pra algum
amigo, pro vizinho, pro pai, pra mãe, pra qualquer pessoa, mas não vá fazer a
prova sem estar familiarizado com o assunto. Bom, os assuntos são:
porcentagem;
logaritmos - não esqueça da definição, da condição de existência e
das propriedades;
semelhança de triângulos;
teorema de Pitágoras;
progressão aritmética - não se esqueça do termo geral e da expressão
da soma dos termos. Também não se esqueça de que, quando temos
um número ímpar de termos numa PA, o termo do meio é igual à
média aritmética dos extremos;
progressão geométrica - não se esqueça do termo geral e da
expressão da soma dos termos da PG finita e da infinita. Também não
se esqueça de que, quando temos um número ímpar de termos em
PG, o termo do meio é a média geométrica dos extremos;
área de figuras planas;
olinômios;
análise combinatória - tenha muito clara, em sua cabeça, a diferença
entre arranjos e combinações;
equações de reta e de circunferência;
números complexos.
Além desses assuntos, já faz algum tempo que a Fuvest não pede nada
sobre matrizes e determinantes nas provas da primeira fase. Meu palpite diz
que vale a pena dar uma olhadinha nesses assuntos, ou seja, operações com
matrizes, cálculos de determinantes e propriedades.
4. Analisando as últimas provas da Fuvest, a gente percebe que a tendência
do vestibular é cobrar o raciocínio lógico do aluno e não a simples "decoreba"
de fórmulas, ou grandes cálculos algébricos para conferir se a gente sabe ou
não fazer contas. Os examinadores estão preocupados em analisar se você
sabe ou não interpretar o texto, analisar os dados, fazer interligações entre
assuntos e disciplinas e, a partir dessa interligação e dessa análise de texto,
encontrar alguma seqüência lógica para solucionar o problema. Se ao
resolver um exercício você se deparar com contas imensas, números
extremamente grandes, desconfie: o caminho que você está seguindo não é
o correto ou deve existir um caminho mais fácil e menos trabalhoso para
solucionar o exercício.
Ainda dentro dessa dica, queria falar sobre questões que apresentam
enunciados muito longos, daquelas que você já olha e fica assustado - "isso
aqui não sei". Geralmente, nesse tipo de questão, quando o aluno chega ao
fim da leitura do enunciado, já se esqueceu o que dizia o começo do
problema: aí fica nervoso e acaba considerando a questão difícil. Tome muito
cuidado: quando os enunciados são cumpridos, nem sempre a questão é
muito difícil. Nesse tipo de questão, o examinador costuma apresentar uma
receita, tipo uma receita de bolo. O que você deve fazer então ? Com calma,
leia novamente o texto, interprete o problema em si e siga os passos da
receita apresentada. Com certeza, você chegará à solução.
5. Equação do segundo grau é toda equação que pode ser escrita na forma
, com . Na equação do segundo grau, o "a", o
"b" e o "c" são os coeficientes, e o "x" é a incógnita. Para resolvermos uma
equação do segundo grau, podemos utilizar a forma resolutiva de Bhaskara,
que é dada por:
em que . Eu sei que você já está bem familiarizado com esta
fórmula, mas o que eu gostaria mesmo de frisar é o delta. Quando aparecem
questões sobre equação de segundo grau e o examinador faz referências ao
delta, ele não fala delta e sim discriminante, ou seja, no meio de uma
questão aparece uma frase do tipo "o discriminante de uma equação do
segundo grau".... Se o aluno não sabe o que é discriminante, se assusta e
pára a questão. Então, não se esqueça: o discriminante é o delta da equação
do segundo grau.
Dentro ainda do assunto de equação de segundo grau, queria relembrar soma
e produto. A soma das raízes da equação do segundo grau, ou seja:
X1 + X2 = - B/A
e o produto, que é
X1* X2 = C/A
Quando você tem que usar soma e produto? Existem alguns casos em que
vale a pena a gente dar uma olhadinha. Quando o exercício nos dá uma
relação entre as raízes, ou está pedindo uma relação entre as raízes, do tipo
, quanto que vale? Geralmente, quando é pedida uma relação
entre as raízes e o aluno não sabe soma e produto, as contas se tornam
grandes, pois o delta desse tipo de equação não costuma dar um quadrado
perfeito e você acaba se enroscando no meio das contas.
06. Dicas para quem vai prestar o vestibular da Fuvest este ano. Se você quer
dar aquela revisada mas o tempo é curto, selecione alguns assuntos quase
que inevitáveis, ou seja, aqueles que possuem uma probabilidade maior de
ocorrência na primeira fase da Fuvest.
A Álgebra, como sabemos, é a campeã das aparições. Priorize funções de
primeiro e segundo graus, assim como inequações e análise de gráficos - ou
seja, procure identificar os pontos notáveis para a obtenção de gráficos; por
exemplo, ponto de máximo e mínimo, coeficiente linear...
Quanto a matrizes, enfatize o produto entre matrizes, além do cálculo de
determinante de terceira ordem; fixe-se bem em conceitos e propriedades.
Agora, se o assunto é Logaritmos, preste atenção nas definições e,
principalmente, nas propriedades.
Em Trigonometria, procure amadurecer bem a trigonometria no triângulo
retângulo e enxergar os eixos seno, cosseno e tangente - e , principalmente,
ter a percepção de que os ângulos não estão nos eixos coordenados, embora
normalmente sejam a incógnita de uma equação trigonométrica. Falando em
equação trigonométrica, é bom não esquecer a famosa relação fundamental:
o seno ao quadrado de um ângulo, mais o cosseno ao quadrado do mesmo
ângulo, é sempre igual a um. Na maioria dos casos, em Trigonometria essa
relação é a salvadora da pátria, e dificilmente te deixa na mão.
07. Questões criativas e bem formuladas de Geometria Plana têm sido
cobradas com muita freqüência pela Fuvest. Dentro desse assunto, dê
prioridade à semelhança entre triângulos, além do cálculo de áreas de figuras
planas de uma forma geral: quadriláteros, triângulos, círculos, etc. Atente,
principalmente, para polígonos com "n" lados e procure enxergar figuras mais
simples em sua composição, como, por exemplo, o cálculo da área de um
hexágono, que é visto como seis vezes a área de um triângulo equilátero de
lado igual ao lado do hexágono.
Ainda em geometria plana: evite, nos exercícios de semelhança, desenhar as
figuras semelhantes fora do desenho normalmente dado - é pura perda de
tempo: nem sempre (ou melhor, nunca) há espaço suficiente para isso na
folha de rascunho. Procure - através dos ângulos nas figuras, que, em geral,
são triângulos - identificar a semelhança entre elas e estabelecer uma
correspondência entre os lados proporcionais e seus respectivos ângulos.
Isso suaviza o exercício e, o que é melhor, você ganha tempo para se dedicar
a outros exercícios que exijam conhecimentos mais específicos da matéria.
08. Um toque especial, para quem concorre a uma vaga nesse vestibular, é
que apesar da Álgebra continuar reinando absoluta, a Geometria Plana e a
Aritmética têm chegado lá com muita força. Uma boa pedida para investir
tempo de estudo nessa altura do campeonato é em questões de Aritmética,
em especial envolvendo porcentagens. Nos últimos anos, cobra-se mais o
raciocínio lógico do que propriamente o acúmulo de fórmulas na cabeça; eu
costumo até dizer que o cara que sabe bem regra de três e,
consequentemente, a relação entre o todo e a parte, já tem meio caminho
andado para se dar bem nas provas de Química, Física, Matemática e até
mesmo de Biologia. Além disso, é provável que esse ano sejam misturados
postulados e teoremas de Geometria de Posição com Geometria Espacial.
Nesse tópico, estude Pirâmides, Cones e Cilindros e seus respectivos
troncos, e preste atenção nas partes da esfera, além dos conjuntos de
sólidos que podem ser inseridos um no outro - por exemplo, um cubo dentro
de uma esfera. Quanto à Geometria Analítica, é fatal: retas e circunferências
têm roubado a cena. Posições relativas entre reta e reta, reta e circunferência
e o conceito de coeficiente angular têm de estar bem amadurecidos. Preste
atenção: o coeficiente angular representa a tangente do ângulo que a reta
forma com o eixo "x". Procure interligar os assuntos, não os veja em
compartimentos estanques, pois tudo acaba se encontrando. Além disso,
sempre que possível em geometria analítica, faça um desenho para ajudar:
não é a saída para todos os exercícios, mas na maioria dos casos ajuda
bastante.