Crises mundiais não são novidade

Eliane Yambanis Obersteiner

Especial para o Fovest

Nos últimos meses, o mundo tem assistido à crise econômica iniciada no

Sudeste Asiático e na Rússia. No Brasil, fala-se em ajustes para proteger a

economia. Como uma crise originada no outro lado do globo pode influenciar

a economia brasileira?

É a globalização que explica essa crise tentacular e que permite aos

investidores a aplicação ou o resgate num simples teclar de computador. O

alvo principal desses investimentos são os países de economia emergente,

com maiores possibilidades de lucro devido aos altos juros pagos para atrair

esse capital.

Por outro lado, a instabilidade econômica e/ou política desses países torna o

capital volátil: em situações de crise, os investidores, apoiados na tecnologia,

deixam de investir em um determinado mercado, desestabilizando-o, gerando

o sobe-e-desce nas Bolsas, por exemplo. As crises mundiais não são uma

novidade, embora cada uma precise ser entendida a partir do contexto

histórico que a gera. Reflitamos sobre a crise de 1929, que teve como

principal fator a superprodução. O fim da Primeira Guerra Mundial marca o

início da hegemonia econômica norte-americana.

A expansão do capitalismo nos EUA foi possível graças ao posicionamento

de neutralidade americano. Isso permitiu ao país vender uma grande produção

aos países em guerra, tornando-se seu principal credor ao final do conflito. O

excedente de capital e uma certa euforia liberal levaram à expansão da

produção de bens de consumo.

Os americanos acreditavam ter encontrado a solução para o problema da

pobreza com a criação de um modelo de sociedade baseada no consumo. O

excedente de capital não financiava apenas o desenvolvimento interno, já que

empréstimos externos eram concedidos para a reconstrução dos países no

pós-guerra. Junto com o capital, exportava-se também a idéia de uma

sociedade ideal, expressa pelo "american way of life".

Mas, quando certas regras do capitalismo não são consideradas, as crises

se instalam. Em 1929, a produção acima da capacidade de absorção do

mercado desencadeou a superprodução, que, somada à especulação na

Bolsa, levou os EUA à crise, dando início a um processo recessivo que

acabou com as linhas de crédito e estendeu a crise aos países que tinham

suas economias vinculadas ao capital americano.

Veja se aprendeu

1. A crise de 1929, iniciada nos EUA e propagada mundialmente, justifica-se

pelo:

a. intervencionismo estatal;

b. excesso de consumo interno;

c. desequilíbrio entre produção e consumo;

d. crédito concedido aos países no pós-guerra;

e. desequilíbrio na balança comercial.

2. (PUC-Campinas) Em linhas gerais, pode-se dizer que a Grande Depressão

(1929) resultou principalmente:

a. da queda da exportação, desemprego e aumento de consumo interno;

b. da desvalorização da moeda, com o objetivo de elevar os preços dos

gêneros agrícolas;

c. do fechamento temporário dos bancos e a requisição dos estoques de ouro

para sanear as finanças;

d. da superprodução industrial e agrícola, que foi se evidenciando quando o

mercado não conseguiu mais absorver a produção que se desenvolvera

rapidamente;

e. da emissão de papel-moeda e o abandono do padrão-ouro, que permitiram

ao Banco Central financiar o seguro-desemprego.

Gabarito: 1-c; 2-d

Fonte: Eliane Yambanis Obersteiner

 

* Eliane Yambanis Obersteiner é professora de história do Colégio Equipe.