CAIPIRAS
Chicão nunca teve papas na
língua. Um dia deixou o sítio onde morava e foi trabalhar na
capital. Depois de alguns dias, resolveu mandar um bilhete pra mãe,
que dizia exatamente assim: "Mãe, como vai o burro do meu
pai, o cavalo do meu irmão e a besta do meu avô? To mandando
dois vestidos pra senhora: um pra senhora meter em casa e outro
pra meter na rua. Sabe, mãe, todos os meus passarinhos morreram.
Até a minha rola, hoje, amanheceu dura. Ah, to mandando também
um peixe pra senhora: A senhora chupa a cabeça e dá o rabo pro
meu pai.
Beijos
Chicão.
O matuto leva um amigo pra
passar o fim de semana na fazenda onde nasceu e conta, todo
saudoso:
- Ta vendo, foi naquela casinha que eu nasci! Neste pomar aprendi
as coisas da vida. Foi embaixo daquela árvore, daquela mangueira
enorme, que transei pela primeira vez. Êta trem danado de bom!
Me lembro como se fosse hoje!
- E cê lembra o que foi que ela disse?
- Beeeeeeee!!!
O calor na caatinga tava
brabo, de rachar. Faltava água nos poços, cheio de cabeça de
boi pelo chão. Ia o Severino numa charrete puxada por um
burrinho velho, o chão parecia uma fornalha.
- Putz! Nunca vi um calor como esse na minha vida! disse o
Severino
> - Eu também nunca vi! disse o burrinho
- Êpa! Nunca ouvi um burro falar... disse o Severino
- Eu também nunca vi! disse a charrete
O caipira chegou no
oculista com a mulher:
- O sinhô é zoísta?
- O amigo, eu não sou zoísta, sou oculista!
- O que que o sinhô é?
- O-CU-LIS-TA!
E o caipira, puxando a mulher:
- Vamu embora, muié, que o seu negócio é nos zóios!
Perguntaram pro caipira:
- Quais são as três melhores coisas do Mundo?
- Dinheiro, mulher e bicho de pé.
- Bicho de pé?
E a explicação:
- Claro, de que adianta dinheiro e mulher, se o bicho não está
de pé?
Entrou um cara naquele bar
do interior. Levava o cão ao lado. Enquanto pedia o café, um
freguês comentou:
- Que cachorrão!
- Campeão do Mundo! - respondeu o dono.
- Campeão de que?
- De luta de cachorro! Não tem pra ninguém. Ganhou todos os prêmios.
- Acho que não! - respondeu uma vozinha lá do fundo.
- Que isso! Aposto dez mil reais! - retrucou o dono.
O que havia falado se adiantou e disse:
- Tenho um compadre que mora aqui perto e acho que o seu cão não
ganha do dele não.
Quer apostar assim mesmo?
- Manda vir!
Meia hora depois, veio um cão magrinho, um tal de Fifiu.
- É essa droga aí que vai vencer o meu Totó?
O pessoal fez a roda. O dono do campeão mal podia segurar o
cachorro e o cãozinho do outro nem aí, não dava a mínima.
Fizeram as apostas, os bichos foram soltos, o campeão partiu pra
dentro do Fifiu, que abriu um olho, levantou a pata e - vapt! -
deu uma porrada no campeão, que caiu mortinho na hora.
- Ohhhhh!!!! - fez todo mundo. O capiau, dono do Fifiu, passou a
mão na gaita e teve até a dignidade de nem gozar com o
desafiante. Quando já ia se retirando com o Fifiu, o dono do
cachorro vencido correu atrás dele e disse:
- Quanto o senhor quer por este cachorro?
- Vendo não, é de estima!
- Então me diga como o senhor conseguiu esta potência? É de
que raça?
- Sei não -disse o matuto - Já to com ele há alguns anos.
Peguei ele noutra cidade. Tinha lá um circo que ia fechar, o
dono do circo deu o bicho pra mim, cortei a juba dele e guardei lá
em casa.
Carlos queria casar com uma
moça virgem e bem ingênua. Por isso resolveu ir para a roça,
procurar uma caipira daquelas bem bobinhas. E lá conheceu a gata
dos seus sonhos, a Lindalva. Inocente como ela só. Em dois meses
se casaram e na noite de núpcias, Carlos resolveu explicar tudo
sobre sexo para a jovem esposa. Para começar, botou o negócio
pra fora e disse:
- Meu bem, isso é pinto! Lindalva arregalou os olhos e disse:
- Credo, uai! Antão dá milho pra ele ficar logo um galo feito o
do Janjão!
Um cearense foi para os
Estados Unidos tentar a vida. Tava muito difícil, quase morreu
de fome. Um dia, disseram a ele que o circo que estava na cidade
pagava bem, que tinha uma vaga, que passasse lá. Ele foi. Chegou
lá o dono do circo explicou:
- Só tem pra vaga de leão!
Ou seja, o cearense tinha que se meter dentro da pele de leão e
ir pra jaula, levar chicotada do domador, imitando leão. É
evidente que aceitou o emprego, quase morto de fome. Na hora do
espetáculo, meteu-se na pele do leão e entrou pro corredor, pra
sair na jaula, no meio do picadeiro. Lá no fundo, ele viu, já
em cima da barrica, outro leão. Ele gelou.
- Meu Deus, e se aquele leão me estranhar?
E começou a dar tratos à bola sobre como se defender...
- Já sei, vou chegando lá dentro, me encosto no bicho e dou um
berro bem grande pra ele logo se assustar e me respeitar.
E não fez outra coisa. Entrou, se ajeitou perto do outro leão e
berrou com todas as forças do seu pulmão:
-GRRRRRRRAAAAAAAAAAGGGGGGFFFHHHHHHH!!!!
Foi acabar de dar o grito e ouvir, lá de dentro do outro leão,
uma voz sumidinha dizendo:
- Valei-me, meu padim Ciço!
Mineiro velho era aquele. Levou a mulher ao médico. O médico
mandou a mulher entrar, o mineiro entrou junto. O médico mandou
a mulher se deitar e começou o exame. Apalpou a mulher na altura
do pescoço e perguntou:
- Dói aqui?
A mulher disse que não. Mineiro só olhando.
O médico apalpou na altura da clavícula, depois na altura do
peito, depois na altura do estômago e foi descendo, apalpando e
perguntando se doía. Quando o médico chegou na altura do umbigo,
o mineiro interrompeu:
- Olha, doutor, daqui pra baixo o senhor pergunta só. Deixa que
aparpar, eu aparpo!
O carro cheio de garotas e
um pinta bacaníssimo na direção. Lá iam eles pelo interior de
Minas, numa estradinha de terra, fazendo turismo. De repente,
parado no meio da estrada, o Mineirinho. - Vou gozar esse cara -
disse o pinta pras meninas.
- Você vai é entrar bem - disseram as garotas - Esses
mineirinhos de beira de estrada não perdem uma.
- Vão perder hoje. - falou o cara. E parou o carro bem em frente
do Mineirinho.
- Como é o nome desse porquinho aí do seu lado, compadre?
E o Mineirinho, sem tirar os olhos do fumo que tava pitando,
respondeu:
É Ocê!
As meninas caíram na gargalhada.
O rapaz meio perdido, mas vinha vindo uma porca na direção
deles e ele teve uma idéia genial:
- Ah... e aquela que vem lá é a mãe d' ocê, não? As meninas
adoraram a saída do rapaz, mas pararam logo de rir, quando o
caipira falou pausado: - Não. Aquilo nem é porca. Aquilo é
porco. A mãe d' ocê eu comi ontem!
Dez anos depois, a moça do
senso voltou àquela cidadezinha do sertão e constatou que a
população não tinha nem aumentado, nem diminuído.
- Caramba! Como isso pode acontecer? - perguntou a alguém.
- É fácil. Cada vez que nasce um bebê, foge um rapaz da cidade.
Político do interior, em
campanha eleitoral, tentando mostrar que é competente: - Eu sou
um homem que se fez por si mesmo!
E uma vozinha lá do fundo:
- E quando é que termina o serviço?
Respondendo uma enquete
feita por uma revista sobre o melhor processo para o leite não
azedar, uma senhora da cidade respondeu:
- É deixá-lo na geladeira...
E uma senhora do interior:
- É deixá-lo na vaca!